ASTROFOTOGRAFIA: CONHECER E REGISTAR O CÉU
O encanto e curiosidade dos nossos antepassados pelo céu é demonstrada por imensos vestígios deixados por todo o mundo, desde os monumentos megalíticos, como Stonehenge (Inglaterra), o Cromeleque dos Almendres (Évora) ou o registo da Supernova de Caranguejo (1054 D.C.) em petróglifo, no Desfiladeiro de Chaco, por nativos americanos. Curiosidade que persistiu ao longo dos tempos ao ponto de fazer parte da arte, como na “Adoração dos Magos”, de Giotto, com a representação do cometa Halley que dá origem à ilustração da estrela de Belém e as representações de corpos celestes, nos quadros de Van Gogh, sendo “A Noite Estrelada” um dos mais famosos.
Entender o céu foi importante para os nossos ancestrais, porque permitiu prever as mudanças de estações, programar o cultivo de searas e as colheitas. A identificação das constelações tornou possível a orientação num terreno desconhecido. Este estudo astronómico, aliado à matemática e geometria, permitiu determinar a verdadeira forma dos continentes e a posição dos navios no mar, abrindo os caminhos do mundo.
Hoje, no mundo da informação e tecnologia, o conhecimento do céu foi relegado para astrónomos e curiosos. Os petróglifos e pinturas deram lugar à fotografia. A primeira fotografia da Lua, de John Willian Draper em 1840, marca o início da Astrofotografia. O início da era digital abriu novos caminhos nesta arte quase bicentenária, agora acessível a todos.
A Astrofotografia abrange uma grande diversidade temática subdividida em três categorias. A Astrofotografia de Céu Profundo, na qual nebulosas, galáxias, enxames de estrelas entre outros objectos celestes imperceptíveis a olho nu, englobam esta temática. Fotografias de planos fechados com grandes distâncias focais, tendo como protagonistas o Sol, a Lua e os planetas do Sistema Solar, principalmente Marte, Vénus, Saturno e Júpiter, a que denominamos de Astrofotografia do Sistema Solar. Por último, a Astrofotografia de Paisagens, visa ligar o Céu e a Terra valorizando o património arquitectónico, natural e cultural.
As noites de Verão convidam até os mais curiosos, munidos até com telemóveis de última geração, a fotografar paisagens nocturnas. Com o auxílio de apps dedicadas podemos localizar e antever a posição dos objectos celestes. Para captar a ténue luminosidade da Via Láctea necessitamos apenas de um céu escuro e assim, quem sabe, podemos consciencializar sobre a necessidade de preservar zonas de céu escuro longe da poluição luminosa dos grandes centros urbanos.
ESPAÇO ALFA - Artigo de Rui Correia, fotógrafo e formardor publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul de agosto de 2023
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